Blues da Piedade

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo, derrotados
Dessas sementes mal plantadas
Que já nascem com caras de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo
Que não têm
Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas mini-certezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia
Pra quem não sabe amar, fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.
Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar os blues
Com o pastor e o bumbo na praça.
Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Apatia

Ahh, aquela fumaça, meus pulmões pedem fumaça, a fumaça cinza, que sempre me faz companhia, enquanto estou a pensar sobre a minha própria solidão, que já me é característica desde que me entendo por gente.

Fumaça que mata, mas deixa minha frustração sem fôlego, que nubleia minha visão e não faz eu enxergar o fundo do poço.

Esse gostinho eu ja senti antes, e fico feliz, por trilhar num caminho que eu conheço, minhas pegadas já estão aqui. Mas mesmo assim, é preciso procurar por novas trilhas, baboseira que se lê em qualquer livro de auto-ajuda para acéfalos.

Acho que estou quase lá, mas faço questão de negar, possivelmente já estou faz um tempo, talvez até saindo. Apesar de tudo eu posso dizer que tomei um porre de whiskie e não passei mal, tomei um porre de vodca e não passei mal, fumei meia carteira de cigarros, um atrás do outro, absolutamente sobreo e nada me aconteceu ainda. Eu posso dizer que nasci para estar aqui, e a minha nova conquista é a apatia....

Retrato em Branco e Preto

Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali, sozinho,
Eu vou ficar ,tanto pior
O que é que eu faço contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto, evito tanto
E no entanto volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retratos eu teimo em colecionar
Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que eu cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara, ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isto é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado e você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

Arriscar. Quando se recomenda arriscar? No momento em que eu estava quase terminando de sufocar minhas esperanças, aparece Sir Charles, e ele me diz, muito encarecidamente, que eu não posso ir para o leito de morte sem tentar buscar saber o que se passa.

Ainda não sei como fazer o contato, os sinais sofrem muita interferência nessa época do ano. Meu coração está apertado e com frio. Os meus olhos estão cegando, e não há mais lágrimas para chorar.

Meu amigo, Sir Charles, um homem muito bem apessoado, me deu muitos conselhos de grande valia. Ele me disse que não vale a pena ir embora com a consciência pesada, que tudo pode ser um grande engano, e que talvez tudo dê certo. E mesmo que não dê certo, a angústia não durará mais que alguns dias! Será que eu deveria ir em frente? Eu já fiz isso outras vezes, nunca deu muito certo, talvez eu não seja bom em abrir meu peito, como fazem com as galinhas...

Talvez eu deva terminar de sufocar minhas esperanças, para que morram de uma vez..Talvez eu deva pisar fundo no acelerador, fechar os olhos e contar com a sorte..

Hoje, segunda-feira, 4 de maio de 2009, acordei de pá virada. Costumo ser tão irônico que acabo levando minha vida sempre assim. Eu vi as coisas que mais temia, e temia por não ter certeza se saberia lidar com a situação. O pior de tudo é que a questão em si está presente todos os dias. Eu sou obrigado a pensar como tal para poder pelo menos conseguir ter uma convivência aceitável.

Aquele músculo que pula involuntariamente dentro do meu peito, que mantem meu lindo corpinho irrigado com o mais puro e fino sangue aguenta bem. Queria explicitar mais a situação, mas não me é possível, a não ser no dia em que eu chute o balde de uma vez.

Talvez as coisas melhorem. Eu não sei quantas vezes ainda vou ser usado, talvez até o dia em que eu for para o caixão. Mas não importa se for um milhão de vezes, se for todos os dias, cada segundo sendo usado como instrumento descartável , moral, etc. pois eu sei que posso fazer coisas bem piores que isso e muito mais inteligentes.

Como pode ter tanta cara de pau? Ou falta de noção? Durante esse algum tempo eu só fui um pivô, que caiu no prato de sopa de língua de vaca. E eu desejei tanto não ter expectativa, mas elas vieram, ou melhor, o que eu não queria que acontecesse aconteceu.

Ainda não perdi o meu norte, mas eu queria muito desaparecer. Preciso mudar de cidade, mudar os ares, conhecer outros tipos de pessoas, e esquecer de vez a província de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Então, que Deus me tenha. Há o dia da caça, mas haverão outros dias também.

ps. Assistam "Ele não está afim de você"!

The Piaf

Há quem diga que eu não sei me expressar. É tão difícil ouvir isso de alguém que se quer tem algum objetivo promissor de vida . Se bem que eu também não tenho um objetivo tão objetivo, tenho ideias e possibilidades.

Nada do que eu faço é suficiente ainda. Sou criticado até por ficar quieto. Sou criticado por fotografar moedas. Sou criticado por ser sincero demais as vezes. Sou criticado por ser magro, sou criticado por comer carne, sou criticado por beber sozinho em casa, já que o tempo precisa passar mais rápido.

Eu bebo mesmo, bebo e canto BEM ALTO, na janela. Ou meus vizinhos também estão bêbados, ou eles no mínimo gostam de ouvir um bebum a cantarolar sozinho em casa...

Me viciei em Edith Piaf, toda aquela sonoridade que saia de um ser de um metro e meio. Divino!! Alguns amigos atá já me chamam de Piaf hehehhe. Antes eu ficava procurando, se eu nasci no mesmo dia que alguém em especial. Eu sou um cara confuso, os números da data do meu nascimento são confusos. Portanto eu digo, eu e Piaf nascemos no dia 19 de dezembro.

Sagitarianos com alma de escorpianos. Temem a solidão mais que a própria morte, se não cantam, não são capazes de acreditarem em si mesmos.....E não pensam muito no futuro distante, no sentido de elaborar metas...Fazem o agora pelo agora, amanhã que se foda!