26/02/2008

"A raiva é a extensão covarde da tristeza"

Quanta raiva algum ser pode suportar? Todo mundo fala que o amor e o ódio dormem na mesma cama. Pois eu só tenho sentindo ódio ultimamente, por todas as razões que me fazem ser o que sou. Sinto ódio por me arrepender de muitas coisas que fiz, e outras milhares que deixei de fazer. Sinto raiva quando vejo as pessoas felizes, pelo menos demonstrando, reunidas, alegres. A pior coisa que existe é você ter a sensação que vai explodir em lágrimas quando está em um lugar movimentado, as pessoas rindo, em fim, sendo normais e eu simplesmente ciente de que a vida não é tão bela quanto se parece, pelo menos no ângulo em que eu enxergo as coisas. Se divertir é beber, é ter dinheiro, é ser bonito, é ter “atitude”, é ser destaque como uma lâmpada vermelha bem chamativa e em quanto os que sobram, vão se marginalizando dessa maravilhosa orgia, vai se criando um novo submundo. Então essas pessoas vão caindo, só porque eles não são comuns, porque não são iguais as pessoas que eles mais detestam na vida. Enquanto uns se matam no desespero, cortando seus pulsos, ou bebendo até transformar seu fígado em patê, outros se matam abraçando postes com seus carros turbinados, completamente anestesiados da realidade, uma morte feia, em que se rolam cabeças, braços, e demais membros. Eles morrem sem ao menos saber quem são, porque apenas foi vivido mais um momento. E a vida foi cheia deles, momentos, um mundo de brincadeira que se quebra como uma linda casinha de vidro, apenas um brinquedo sem importância, mais um que se foi.

13/02/2008

Tempos de segunda série...

Era 1997, eu tava na segunda série, tinha sete anos. Eu reagia bem diferente as coisas naquela época, era um peste e fazia inimizades com certa facilidade. O colégio tinha monitores por toda parte, sabe como é, para monitorar aquelas praguinhas ambulantes todas. No recreio todos deveriam sair das salas de aula e ficar no pátio, para que as salas fossem trancadas, mas na real todo mundo gostava de ficar nas salas mesmo, principalmente para fugir dos monitores, se esconder nas classes e roubar as coisas dos coleguinhas mais afortunados. Numa dessas, estávamos em um grupinho de pestes sem precedentes, fugindo da tia Carmem. A tia Carmem era como as pedras Stonehenge, do tipo ninguém sabe como surgiu, mas sempre esteve ali, enquanto a cada ano mudava os monitores, ela sempre permaneceu, e deve permanecer até hoje por lá. Bom, estava todo mundo na sala, e a qualquer momento ela viria para trancar a sala e botar quem estivesse ali para fora, então todos foram se esconder como se ela fosse uma anaconda faminta a caminho. Eu, uma criança magricela e cabeçuda, me escondi do lado do armário no fundo da sala, junto com uma colega minha. Nossa como eu ria, eu não conseguia parar de rir, a qualquer momento o pior acidente que se pode acontecer no currículo social escolar estava por acontecer, eu ia literalmente me mijar de tanto rir, e ela estava do meu ladinho, me mandando calar a boca. Não sei por que, mas a emoção era muito grande, e a risada aumentava cada vez mais. Até que a catástrofe mais humilhante da minha vida aconteceu: Me mijei perna abaixo. Até o momento só eu tinha conhecimento do fato, até o momento em que a guria que estava do meu lado percebeu, quando eu saí de atrás do armário me senti devorado por leões que riam da minha cara até perder o fôlego. O resultado disso tudo foi horrivel, eu falei tanto palavrão, que jamais uma criança de sete anos falaria em tão pouco tempo, isso claro, enquanto eu desabava em choro. Até que a temida tia Carmem, a responsável por tudo isso diga-se de passagem, me levou dali e chamou minha mãe, por que afinal eu estava todo mijado, e isso era inadmissível no ambiente escolar, principalmente quando se trata de um mijado desbocado querendo furar os olhos dos coleguinhas. Minha mãe foi chamada, e trouxe uma outra roupa para eu botar, em fim, depois de seco novamente estava mais calmo e voltei para sala de aula como se nada houvesse acontecido, mas isso ficou na memória deles e na minha até o fim dos tempos escolares, em que foi relembrado muitas e muitas vezes. É, isso foi mais um micão da minha vida...

10/02/2008

Eu

Simples e sóbrio. Uma dose de realidade, uma dose de whisky barato, uma dose de sinceridade, uma tragada em um cigarro guardado e velho. Olhe para você, e sinta aquela coisa gelada correr pelas suas veias, você ainda está anestesiado, por pouco tempo, muito pouco tempo...