06/05/2010

Das suas pupilas dilatadas, subtamente, via-se uma energia que mais nada no mundo poderia lhe oferecer. Aquela energia de viver só podia ser sentida neste momento. Toda a coragem, que até então estava perdida, escondida dentro de si, se reunia no seu coração, na sua mente. Num momento de depressão, não seria difícil fazer uma roleta russa ou então tma rum drink a base de diabo verde. Mas dificilemente ela se senti assim, ainda mais quando aquelas pequenas partículas químicas do pó pálido eram abduzidas por suas narinas.

Menina rica, de boa aparência, lindos olhos cor-de-mel. Na época de seus 19 anos, nos anos 80, já teve tudo o que quis. Sua mente fútil não permitia que ela se deparasse com grandes problemas. Tudo que ela precisava ea entorpecer seus nervos e neurônios. Ela não era muito diferente do pessoal e de seu status nessa cidadezinha escrota chamada Porto Alegre.

A cocaína rolava solta.

Com o passar dos anos, a moça teve sua bela aparência definhada. Depois de algumas overdoses, escândalos, festas, sexo, inúmeros abortos, DSTs, internações e tentativas de suicídio, ela estava livre dos vícios, ou quase. Alguns velhos hábitos nunca mudam.

O brilho da juventude ficou fosco, opaco...Seus amigos..Bom, a cada amnésia de uma festa, um se ia por definitivo. Os amores...Ainda é possivel acreditar no amor? Sem nunca tê-lo visto passar ao menos por perto em 45 anos de vida? Seus pais, agora falidos, tiravam férias definitivas numa residência geriátrica. O pai, um homem dignamente corrupto, perdera a sanidade devido ao mal de alzheimer. Acha que pode voar. Sua mãe, que foi conhecida intimamente por encanadores, empacotadores de supermercados e seguranças de shoppings center entre os anos 60 e 70, era sacudida agora pelo mal de parkinson. Havia um irmão mais novo, que misteriosamente nascera mulatinho. Perdeu-se no mundo em junho de 1985, quando fugiu de casa com uma travesti chamada Suzana.

Continua..

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