14/07/2008

O tal "estilo".

Estava eu esses dias andando na Avenida Farrapos, e encontrei no meu caminho um ser não identificado com os supostos seios a mostra. Minha mãe sempre disse para eu não dar atenção para estranhos, então mesmo a estranha figura balbuciar palavras sexualmente nojentas, eu segui caminhando, três segundos depois ela já estava entrando em um bonito carro, imagino eu que não era pra se proteger do frio da noite. Observando a tão convergente cidade de Porto Alegre, com os emos brotando nas ruas, como baratas que saem dos bueiros quando se coloca inseticida dos bons, e me lembrei da minha amiga, que me disse, com muita convicção, que sou tão sem sal, sem graça e esperava que eu fosse "caliente". Ela tem necessidade de encher os olhos, precisa que algo lhe passe contato visual e a alimente-a, faz parte da sua futura profissão. Talvez o vazio dela faça que ela tenha necessidade de se suprir com ousadia, atitude, e o tão pisado "estilo". Bom, tendo estilo ou não, eu entendo que o ser humano precisa chamar atenção, como uma espinha enorme no nariz. Às vezes eu vou na onda, tanto que comprei roupas "estilosas", mas ao mesmo tempo me pergunto: Pra quê?

A humanidade sempre foi dividida em tribos, na adolescência isso é essencial. Mas justamente! Isso é tão adolescente! Eu nunca tive tribos, nunca fui nerd o suficiente, nem rockeiro o suficiente, e mesmo assim as pessoas, a minha amiga, têm uma necessidade CHATA de me rotular, como se só dessa maneira fosse possível que eu seja digerido mais facilmente pelo resto do mundo. As pessoas podem seguir o estilo que quiserem, ou não seguir nenhum, isso vai deixar elas mais ou menos palhaças. Eu poderia mandar todo mundo se ferrar, mas só queria que ficassem cada um na sua, e que se encham de subterfúgios e penduricalhos para fazer apenas a SI feliz.

2 comentários:

Gabriela Casartelli disse...

achei você e gostei do que li. prometo voltar, não voltar aqui, voltar no passado, e ler mais. mas prometo, também, voltar aqui.
;)
beijos

CarolBorne disse...

Pois, ói, fio, pra mim, tu não precisa pertencer a uma tribo, usar roupas estilosas, ser nerd ou roqueiro, punk, skinhead, palhaço, faquir, domador, equilibrista, aparecer como uma espinha no nariz (eu tô com uma, falando nisso), um furúnculo na bunda, 700 tatuagens, ou mil e 500 piercings pendurados pelo corpo. Este último ítem vai dificultar um bocado a passagem por locais magnéticos... então, como eu ia dizendo, já tive 18 anos, e me sentia exatamente assim como tu. E, apesar de, na época, achar que o mundo me odiava e se uma nave alienígena me abduzisse, ninguém sentiria a minha falta, foi o melhor momento da minha vida porque eu acabei por descobrir coisas e sentimentos que mudaram a minha visão do universo. Hoje, eu olho pra trás e vejo todas as pessoas que seguiam uma tribo, usavam o mesmo estilo, forçavam a barra pra pertencerem e serem aceitas aqui ou ali... todas acabaram por obedecer passo a passo à cartilha 'social' e...plóft! Deram de cara com um monte de outras escolhas que as teriam feito muito mais felizes!
Não vou dizer que eu sou completamente realizada e feliz porque se fosse assim, eu já estaria morta. Coisas completas nos matam porque o resto passa a não ter sentido. O grande lance é não seguir os bandos, as opiniões, as modas, os comportamentos, os estilos... o grande lance é saber que ser igual a todo mundo, acaba matando o que realmente somos.
O tempo vai dizer (que papo mais de velho, né?), mas o tempo vai confirmar o que eu disse...
Beijos da tua mamy fake que gosta de ti como tu é!